Astro passou a 12,2 mil km da Terra. Assista a vídeos.

Um asteróide do tamanho de um ônibus passou a 12.230 quilômetros da Terra ontem (28/06/2011) – apenas 30 vezes mais distante que a Estação Espacial Internacional e 3% da distância que separa a Terra da Lua.

Descoberto apenas na semana passada, o asteróide 2011 MD deu uma volta no planeta às nesta segunda-feira (27) às 13h15 (de Brasília), sobre o Atlântico Sul. No início, ele passou despercebido, sendo confundido com um pedaço de lixo espacial, por causa de seu tamanho, estimado em até 18 metros.

Mas observações posteriores confirmaram que se tratava de um asteroide e que não havia chance de colisão com a Terra, apesar da pouca distância de sua trajetória (pouco mais de três vezes a distância entre São Paulo e Manaus). Para se ter uma ideia, ele ficou mais perto da Terra que os satélites de GPS que orbitam o planeta. Na semana passada, a expectativa era que o 2011 MD passasse mais cedo, antes do meio dia, e cerca de 160 km mais distante.

Trajetória do asteroide 2011 MD

Trajetória do asteroide 2011 MD

Asteroides deste tamanho passam pela Terra a cada seis anos, em média. Este ano, outro, ainda menor, passou a 5.500 quilômetros da superfície terrestre.

Cientistas dizem que mesmo que o 2001 MD tivesse ido em direção ao planeta, não teria causado dano: ele provavelmente se queimaria na atmosfera. "Estamos aprendendo que a Mãe Natureza ‘atira’ essas coisas para cá há milênios", disse Din Yeomans, chefe do programa que rastreia as trajetórias de rochas espaciais potencialmente perigosas na agência espacial americana.

Abaixo estão dois vídeos postados no blog Ciência e Tecnologia, de Sérgio Sacani, mostrando o asteroide em sua passagem pela Terra.

O primeiro foi feito das 02h19min32s até às 06h14min23s. São 1058 imagens com dois segundos de exposição cada feitas com um telescópio SCT de 14" com F/1.9 e uma câmera QSI 482 acoplada. As imagens obtidas foram calibrada e ajustadas. O rastreamento foi feito com o software MetaGuide, uma câmera Lumenera foi usada para guiar o telescópio mantendo o asteroide sempre perto do centro do campo de visão.

 

As imagens usadas para fazer o vídeo abaixo foram feitas com um telescópio de 60 cm do Observatório Črni Vrh, na noite do dia 26. Cada exposição durou 15 segundos. O telescópio foi programado para seguir o asteroide, mudando a velocidade de rastreio entre as exposições. A sequência inteira foi feita durante 4 horas e 40 minutos e foram feitas 635 exposições.

É possível notar no vídeo uma ondulação no brilho do asteroide, sugerindo que ele esteja sofrendo uma rotação.

 

Asteroides são "restos" da formação do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. Pedaços deles constantemente fazem aparições flamejantes na atmosfera.

Objetos maiores que um quilômetro de comprimento têm o potencial de exterminar várias formas de vida na Terra, e atingem o planeta uma vez a várias centenas de milhares de anos.

Cientistas acreditam que um asteroide de 10 quilômetros de comprimento tenha contribuído com a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos.

Astrônomos estão sempre observando sua trajetórias e possíveis ameaças para entender melhor o potencial perigo que eles representam ao planeta. A NASA já identificou e rastreou 8.110 cometas ou asteróides maiores que alguns metros de comprimento. Destes, 1.237 foram considerados potencialmente perigosos.

Embora a comunidade científica sempre imagine maneiras de proteger a Terra de uma colisão catastrófica, não existe nenhum plano pronto como nos filmes "Impacto Profundo" e "Armagedom".

O asteroide Apofis chamou a atenção dos cientistas há algum tempo, quando se calculou que a chance da rocha de 270 metros de comprimento atingir a Terra era de 1 em 45.000 em 2036. Depois de refeitos, os cálculos baixaram a probabilidade para uma em 230.000.

O monitoramento vale a pena. Há três anos, um pequeno asteroide atingiu a Terra, sem causar danos, mas os astrônomos conseguiram divulgar um aviso com seis horas de antecedência, a primeira vez que isso foi possível.

A passagem de hoje foi nada mais que uma chance de observação, afirmam os cientistas. "Isto é bastante comum", afirma Yeomans. "Estamos ficando mais cientes da nossa vizinhança".

 

Leia mais

"Asteroide do tamanho de uma casa passará próximo à Terra", 24/06/2011

"Why I’m sad asteroid 2011 MD missed Earth", de Ian O’Neill, DiscoveryNews, 28/06/2011