Motor foi feito pela Orbital Engenharia. Lançamento ocorreu em Alcântara, Maranhão, e coletou dados para dispositivo para veículos espaciais e projeto de geoposicionamento da UFRN.
Nesta segunda-feira (01/09/2014), o Brasil lançou com sucesso o primeiro foguete nacional com motor movido a etanol e oxigênio líquido. A operação, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, teve início às 23h02 e durou 3m 34s, até que o veículo VS-30 V13 alcançasse a área de segurança prevista. O tráfego marítimo e aéreo na região precisou ser interditado.
A carga útil embarcada, o Estágio Propulsivo a Propelente Líquido, foi desenvolvida pela empresa Orbital Engenharia em parceria com o IAE.
Todos os requisitos técnicos de sucesso da missão foram atingidos, segundo o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) coordenador da operação.
Durante o processo, foram coletados dados para um sistema de posicionamento global de aplicação espacial desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e também de um dispositivo de segurança para veículos espaciais chamado Chave Mecânica Acelerométrica.
O Coronel Aviador Avandelino Santana Júnior, coordenador-geral da Operação Raposa, responsável pelo lançamento, explica que o dispositivo funciona como uma torneira, podendo abrir e fechar conforme a necessidade. “Com o propulsor sólido, não temos esse controle, ele vai queimar até acabar, você não consegue reacender um fósforo. A grande vantagem é que ele fornece mais energia para o motor e pode dar várias ignições.”
A operação serviu também para o treinamento das equipes na operação e lançamento de motores a propelente líquido, visando à aplicação no desenvolvimento de futuros veículos suborbitais e lançadores de satélites.
“Não tenho dúvidas de que tiramos lições importantes com esta operação e que colocamos o Brasil num rol de países que detém tecnologia própria para operar veículos espaciais movidos a propelente líquido”, disse Santana.
Para o diretor do CLA, Coronel Engenheiro Cesar Demétrio Santos o lançamento representou um salto evolutivo na missão da organização. “Com a Operação Raposa, o CLA alcança um patamar de importância estratégica ainda maior no conjunto do Programa Nacional de Atividades Espaciais. Demos um passo essencial visando a operação de veículos espaciais movidos a combustível líquido, que permitem uma maior capacidade de carga e precisão de inserção em órbita, essenciais para atividades envolvendo o Veículo Lançador de Satélite e sucessores.”
Aplicações O bom desempenho do motor possibilitará a retomada de lançamento dos foguetes brasileiros, por parte da Agência Espacial Alemã (DLR), a partir da Europa. Os alemães participaram da operação com trabalho de coleta de dados em voo, por meio de uma estação móvel de telemetria.
O objetivo é a utilização do combustível líquido no lançamento de satélites, que suporta massas maiores e maior altitude. Até então, os lançamentos no Brasil eram feitos apenas com propulsores de combustível sólido, uma mistura de nitrato, carbono e enxofre, quase uma pólvora. “Os maiores satélites colocados em órbita são por meio de motores com carga líquida, mas, até então, o país não dominava essa tecnologia. Com ela, temos a vantagem do desempenho e de operações com maior precisão”, disse Santana. Segundo ele, serão abertas novas possibilidades no desenvolvimento de motores e na aplicação em outros veículos aeroespaciais brasileiros.
Participantes A Operação Raposa, iniciada no último dia 12 de agosto, é financiada pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e contou com o apoio de esquadrões de transporte de carga e pessoal, helicópteros e patrulha marítima da FAB.
O IAE é o responsável pelo fornecimento, integração e treinamento das equipes no que se refere ao veículo, incluindo a carga-útil EPL L5 e o sistema de transmissão de dados. A Orbital Engenharia é responsável pelo Sistema de Alimentação Motor Foguete (SAMF) e pela integração das redes elétricas, juntamente com a equipe do IAE. A coordenação geral da operação é de responsabilidade do DCTA.
O DLR participou da operação com trabalhos de coleta de dados em voo por meio de uma estação móvel de telemetria. O CLA se responsabiliza pelo lançamento, rastreio, coleta de dados, segurança de superfície e voo. Outra participação importante é do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), que responde pela verificação da calibração dos instrumentos.
A Marinha do Brasil (MB) e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) realizaram a interdição do tráfego marítimo e aéreo na região, respectivamente.
Outros lançamentos Em 14 de março, foi lançado o Foguete de Treinamento Básico (FTB) pela Operação Falcão I. No dia 8 de maio, o CLA lançou o 10º FTI pela Operação Águia I/ 2014. Em 21 de agosto, foi lançado com sucesso o 11º Foguete de Treinamento Intermediário (FTI) pela Operação Água II/2014, no CLA. O lançamento aconteceu às 13h58 de Brasília e o foguete voou durante 3m 32s antes de cair no Oceano Atlântico, conforme previsto pela operação.
As atividades precedem o lançamento do Veículo Lançador de Satélite (VLS), previsto para o segundo semestre deste ano.
Com esse avanço o Brasil algo parecido com o que a Alemanha fez, em 1944 quando começou a usar os foguetes V2. Um grande salto tecnológico com 70 anos de atraso..
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Na verdade… É um passo bem menor: o V2 queimava uma mistura de 75% álcool e 25% água – chegava à Inglaterra.
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