ESA cancelou parceria com Roscosmos semanas após a invasão russa da Ucrânia. Rover deve ser lançado em 2028 para buscar por vida no subsolo marciano.

As agências espaciais europeia e americana, ESA e NASA, fecharam um acordo segundo o qual a NASA fornecerá centenas de milhões de Dólares em componentes importantes a uma missão europeia de um rover marciano para pesquisa astrobiológica.

Autoridades das agências assinaram o acordo em 16 de maio na sede da ESA em Paris, formalizando a cooperação anunciada anteriormente entre as agências na missão do rover ExoMars Rosalind Franklin, programada para ser lançada em 2028.

O acordo confirma as contribuições planejadas da NASA, incluindo motores de frenagem para um novo estágio de descida sendo desenvolvido pela ESA e unidades leves de aquecimento de radioisótopos (RHUs), que usam o calor do decaimento do plutônio-238 para manter a espaçonave aquecida. A NASA fornecerá as unidades em parceria com o Departamento de Energia dos EUA, que regula o uso de energia nuclear.

O uso das RHUs americanas requerem que o país faça o lançamento. Então, a NASA também fornecerá um foguete comercial que contratará atraves de seu Programa de Serviços de Lançamento (Launch Services Program).

Paralelamente, o trabalho de desenvolvimento e certificação de uma RHU europeia para voar na missão continuará, liderado pelo Reino Unido. Esse programa da ESA se chama Dispositivos Europeus Utilizando Energia de Radioisótopos (European Devices Using Radioisotope Energy, ENDURE) e seu trabalho está focado na entrega de uma capacidade europeia de ponta a ponta para sistemas de calor e energia de radioisótopos até o final desta década.

Ilustração do rover Rosalind Franklin, a ser usado na missão ExoMars em parceria com sonda orbital lançada em 2016 (ESA)

As contribuições da NASA substituem elementos originalmente fornecidos pela Roscosmos, agência espacial russa, que havia desenvolvido a plataforma de pouso e planejava lançar a espaçonave em um foguete Proton em setembro de 2022. No entanto, a ESA cancelou a parceria semanas após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro daquele ano e a janela de lançamento foi perdida. (Terra e Marte alinham-se adequadamente para missões entre ambos uma vez a cada 26 meses.)

Parcerias Agora, a ESA está desenvolvendo seu próprio sistema de pouso, concedendo um contrato de € 522 milhões (US$ 566 mi) à Thales Alenia Space em 9 de abril. Assim, foram retomados os trabalhos no desenvolvimento deste elemento da missão.

O anúncio não revelou o valor das contribuições da NASA. A proposta orçamentária da NASA para o ano fiscal de 2025, divulgada em março, solicitou US$ 49,2 mi para a missão e projetou gastos de US$ 339 mi até o ano fiscal de 2029, período que vai até o lançamento da missão – previsto para o final de 2028.

Também não foram divulgadas funções adicionais que a NASA teria na missão. A agência já foi parceira em um dos instrumentos do rover, o Analisador de Moléculas Orgânicas de Marte (Mars Organic Molecule Analyzer). Espera-se que a NASA possa selecionar membros da equipe científica do Rosalind Franklin por meio de um programa de cientistas participantes.

O rover dará à agência uma oportunidade de participar de uma missão a Marte em um momento em que a agência está trabalhando para reformular seu programa de retorno de amostras do planeta, outro trabalho em conjunto com a ESA, para lidar com grandes aumentos de custo e atrasos. Além da ESCAPADE, que colocará pequenos satélites em órbita Marte e com lançamento previsto para esse ano, a NASA não tem outras missões planejadas ao planeta vermelho.

Perfuração O Rosalind Franklin foi construído para perfurar até 2 metros no solo marciano. Isso permitirá o acesso a amostras de Marte que foram protegidas da radiação da superfície e de temperaturas extremas.

Josef Aschbacher diretor geral da ESA (Barbara David, Space.com)

“A ExoMars começou por volta de 2010-11 com a NASA originalmente como parceira. Mas questões orçamentárias fizeram com que a NASA desistisse. Então, ao trabalhar com a Rússia, o projeto avançou por cerca de 10 anos. Com a guerra na Ucrânia e as sanções que nossos estados membros impuseram à Rússia, não foi possível concluir o programa”, disse o diretor geral da ESA Josef Aschbacher em entrevista ao Space.com no mês passado.

“Ele perfurará a superfície, o que é bastante singular. Não há chance de encontrar vida na superfície. Você tem que descer, e os exobiólogos dizem que pelo menos 1,5 metro, e nós vamos descer 2 metros.”

“Você pode imaginar como isso será emocionante? Imagine só encontrar alguns micróbios de vida e analisar se há ou não DNA. O DNA seria semelhante ao nosso ou não? Inimaginável… e nós simplesmente não sabemos.”