Esculturas são fonte de admiração e mistério. Seriam artefatos com poderes inexplicáveis feitos por antigas civilizações, talvez até alienígenas, ou falsificações para mercado?

Olá! Infelizmente, não é sempre que tenho tempo para postar aqui o que encontro de interessante de astronomia e afins pela internet, mas sempre compartilho de alguma forma. Costumo postar mais frequentemente através do Twitter e da página do Blog no Facebook. Criei uma algumas listas no Twitter que reúnem várias fontes, confira.

Tenho rascunhos de textos nos quais trabalho quando posso. Assim que ficam prontos, publico aqui. Sugestões são sempre bem vindas! Este post demorou quase um ano para ficar pronto, ficando por muito tempo com seu rascunho esquecido numa pasta. Já comentei isso por aqui: às vezes passo noites em claro lendo e escrevendo… Aí trabalho nos textos.

Enfim, chega de rodeios e vamos ao que interessa!

Caveira de cristal (Foto via RedOrbit)

Em 2008, o personagem Indiana Jones retornou aos cinemas com um novo enigma histórico: as caveiras de cristal. O filme trouxe para o grande público um tema muito comum nas conversas entre admiradores do desconhecido.

Tratam-se de esculturas de caveiras humanas em quartzo que são ditas pré-colombianas da Mesoamérica, geralmente astecas ou maias, por seus descobridores, embora nenhum exemplar disponível para pesquisa científica tenha tido tal origem comprovada e nenhuma caveira veio de escavação documentada.

Made in Paraguay Para a decepção do imaginário, os estudos mostraram que as caveiras examinadas foram feitas, no mínimo, no Século XIX possivelmente na Europa. Muitas pessoas associam as caveiras a fenômenos paranormais e há muitas lendas que as relacionam com poderem místicos ou algo assim, mas na mitologia mesoamericana não há nenhuma menção do tipo.

As mais famosas são as caveiras em tamanho aproximadamente real, mas existem menores. As menores – Pouco maiores que uma bola de gude – apareceram no Século XIX; as maiores, no Século XX. Estas últimas são apontadas por especialistas como falsificações. No século XIX, houve muito comércio de objetos pré-colombianos falsos.

Eugène Boban (Foto: Wikimedia)Apesar de muitos museus terem adquiridos crânios de cristal, foi Eugène Boban que ficou mais famoso por sua coleção. Boban era um negociante de antiguidades e abriu sua loja em Paris em 1870. Boa parte de sua coleção – incluindo três crânios de cristal – foi vendida ao etnógrafo Alphinse Pinart, que doou ao Trocadéro Museum, que tornou-se o Musée de l’Homme.

Pesquisas  Pesquisas feitas em vários crânios do British Museum em 1967, 1996 e 2004 mostram que as linhas recuadas na marcação dos dentes (suas mandíbulas são fixas)  foram feitas com ferramentas rotativas desenvolvidas no Século XIX. Exames de inclusões de cloreto determinaram o tipo de cristal e ele só pode ser encontrado no Brasil e em Madagascar. Os estudos também concluíram que os crânios foram feitos na Alemanha, muito provavelmente na cidade de Idar-Oberstein – famosa pela elaboração de objetos com quartzo brasileiro importado no final do Século XIX.

O British Museum e o Musée de l’Homme descobriram que os crânios foram vendidos por Boban na Cidade do México entre 1860 e 1880. O crânio do British Museum foi negociado através da Tiffany de Nova York.

Caveira de cristal do British Museum (Foto: Wikimedia)

Em 1992, o Smithsonian Institute investigou um crânio de cristal de 14 kg e 38 cm fornecido por uma fonte anônima que disse tê-lo adquirido na Cidade do México em 1960 e que era asteca. O crânio está em exposição no National Museum of Natural History. Segundo o Smithsonian, Boban havia adquirido os crânios por fontes na Alemanha.

Recente  Um estudo detalhado do British Museum e do Smithsonian foi publicado em maio de 2008 no "Journal of Arqueological Science". Com microscópio eletrônico e cristalografia de raios X, pesquisadores britânicos e estadunidenses descobriram que o crânio do BM foi trabalhando em uma substancia abrasiva, como corindo ou diamante, e moldado com uma ferramenta de disco rotativo metálico. O do Smithsonian foi trabalhada com outro abrasivo, o composto de carbeto de silício, sintético fabricado com técnicas industriais modernas. Pela síntese do composto ter ocorrido apenas na década de 1890 e sua disponibilidade maior ter sido no Século XX, a conclusão foi de que o crânio foi feitos nos anos 1950 ou mais tarde.

Os crânios deram muitas voltas desde que foram adquiridos por Boban. O crânio do BM apareceu em 1881 na loja parisiense. Na época, a origem não era indicada. Boban até tentou vendê-lo ao museu nacional do México como um artefato asteca. Ele mudou seu negócio para Nova York e vendeu o crânio foi para George H. Sisson. Em 1887, o objeto foi exibido por George F. Kunz na reunião da American Association for the Advancement of Science, em Nova York. Depois, foi leiloado e comprado pela Tiffany & Co., que o vendeu para o Museu Britânico em 1897.

Crânio de Paris (Foto: Wikimedia)

Crânio de Paris  O maior dos três crânios vendidos por Boban para Pinart tem 10 cm de altura, 3 kg e uma perfuração vertical em seu centro e é conhecido como Crânio de Paris. Está exposto no Musée du Quai Branly e foi submetido a testes em 2007 e 2008 pelo Centre for Research and Restoration of the Museums in France (C2RMF). Foram três messes de análises e foram encontrados traços de polimento e abrasão por ferramentas modernas. Testes com aceleradores de partículas revelaram vestígios de água que foram datados do Século XIX.

Em 2009, pesquisadores do C2RMF divulgaram resultados de novos estudos para estabelecer quando o Crânio de Paris foi fabricado. A análise com um microscópio eletrônico de varredura (scanning electron microscope, SEM) apontou o emprego de máquinas e ferramentas de lapidação. As conclusões da técnica conhecida como datação de hidratação de quartzo (quartz hydration dating, QHD) demonstraram que o crânio foi entalhado posteriormente à época de um artefato de referência de quartzo, que sabe-se que foi cortado em 1740. Combinando os resultados do SEM e do QHD, o crânio foi esculpido Século XIX ou XX.

Caveiras de diferentes minerais (Foto: arquivo UFO)

Há muitos outros exemplos de caveiras de cristal. Existem muitas pequenas em museus tidas como consideradas astecas ou mistecas com furos verticais ou horizontais. Provavelmente, eram utilizadas como colares.

Sha-na-ra, transparente e com 6,5 kg, pertence a Nick Nocerino, que se diz especialista nos objetos e afirma que a caveira foi encontrada no México.

Nos anos 1980, um professor ensinava a cosmologia inca à índios no norte peruano. Eles lhe mostraram um crânio de quartzo transparente muito parecido com um extraterrestre com a mandíbula ligeiramente pontiaguda e os olhos e a parte de cima da cabeça azuis.

Uma famosa nos estados unidos é Max, também conhecida como Caveira de Cristal do Texas. Tem 8 kg, foi feita em uma peça única transparente da Guatemala. A caveira foi doada por nativos guatemaltecos a um médico tibetano nos anos 1960. Ana e Carl Parks financiaram a construção de um centro de saúde no Texas. Quando a unidade ficou pronta, em 1981, o médico lhes enviou o crânio como agradecimento. Apenas após ver um programa sobre a Caveira de Mitchell-Hedges (que veremos adiante), em 1987, os Parks se deram conta do que possuíam.

Parks e Max (Foto via Visionary Living)

Ami é uma caveira de ametista que teria sido descoberta entre 1915 e 1920 por uma irmandade maia em um esconderijo de relíquias no México. Não há informações precisas sobre o paradeiro do artefato, mas acredita-se que possa estar exposta em um banco japonês. Tem uma linha branca irregular em sua circunferência.

Outro crânio, encontrado na Guatemala em 1912, também possui marcas na testa. Sua localização também é desconhecida.

Em 1906, uma família maia vivendo na Cosa Rica cavava em sua propriedade quando descobriu uma caveira de cristal de quase 5 kg. Desconhecendo a importância arqueológica do objeto, o utilizaram em cerimônias por um tempo. Em 1991, Joke Van Dieten, que residia na Costa Rica, encontrou em uma livraria em Vancouver, Canadá, uma obras sobre o assunto. Na publicação, havia uma lista de lojas de cristal próximas a Los Angeles. Por telefone, perguntou ao proprietário de uma das lojas, Eric, se possuía ou conhecia quem possuísse crânios à venda.

Eric disse que havia poucas caveiras e nenhuma estava à venda e Van Dieten deixou seu telefone para contato. Dias depois, os descendentes da família maia entraram em contato com a loja para vender seu achado. Mesmo sem ver o artefato, Van Dieten aceitou comprá-lo. Em abril daquele ano, Joshua Shapiro, especialista no assunto, deu uma palestra sobre caveiras de cristal em uma conferência em em Los Angeles e a loja de Eric tinha um ponto de vendas no local. Através de Eric, Shapiro conheceu Van Dieten e viram a caveira ao mesmo tempo e decidiram chamá-la de ET.

Posteriormente Van Dieten adquiriu outras nove caveiras de cristal.

Especialista  Em 1989, José Iniguez procurou Shapiro e alegou ter uma peça desde 1942. É pequena, de quartzo transparente e tem símbolos maias na superfície, um círculo duplo na parte superior e um desenho espiralado em cada orelha. Iníguez disse que encontrou o crânio ao visitar um acampamento maia. Na ocasião também foi encontrado outro crânio de ametista, que teria ficado com seu amigo.

Shapiro em mina de cristais em Minas Gerais (Foto: VJ Enterprises)Shapiro é um explorador e estudioso de mistérios considerado especialista nas caveiras de cristal. Ele já esteve fazendo investigações no Brasil e já apresentou seus estudos em eventos por todo o mundo. Em 1992, criou a VJ Enterprises, uma organização para a divulgação dos mistérios das caveiras através da internet e de eventos. Sem primeiro livro foi publicado em 1989 com parceria de outros dois autores. A obra foi lançada no Brasil em 1993 com o título "Os Mistérios dos Crânios de Cristal Revelados" pela Editora Ground.

Em 2001, Shapiro fundou o World Mystery Research Center para estudar as caveiras de forma científica e tentar entender os possíveis efeitos anômalos que causam. Alguns resultados estão em seu segundo livro: "Journeys of a Crystal Skull Explorer".

Para ele, os crânios têm sido usados em rituais por culturas indígenas no mundo todo e tidos por elas como sagrados. Segundo ele, quando os europeus invadiram a América Latina, destruíram ou roubaram muitos achando tratarem-se de ídolos.

Mitchell-Hedges  O crânio mais conhecido é o Crânio de Mitchell-Hedges. Anna Le Guillon Mitchell-Hedges, filha adotiva do aventureiro e autor britânico Frederick Albert Mitchell-Hedges, disse tê-lo encontrado enterrado sob um altar desabado em um templo em Lubaantun ("Cidade da Pedra Caída", no dialeto maia), nas Honduras Britânicas, atual Belize, em seu aniversário de 17 anos, em 1924.´

Os nativos levaram o grupo até o lugar e, após terem queimado a vegetação local, tornou-se visível uma cidade com muitas edificações. Em um momento, um reflexo da luz do Sol chamou a atenção da jovem. Seu pai estava na Inglaterra arrecadando fundos para a expedição. Quando retornou, Anna mostrou-lhe imediatamente o lugar e, após horas levantando pedras pesadas com o auxílio da população local, encontraram a parte superior de um crânio de cristal perfeito. Seis semanas depois, numa área diferente, cheia de andares, a mesma equipe descobriu a sua mandíbula.

Até onde se sabe, F. A. Mitchell-Hedges não fez nenhuma menção à descoberta em seus escritos sobre Lubaantun e nem nenhuma outra pessoa foi documentada observando o momento da descoberta do crânio ou a presença de Anna nas escavações. Lilian Richmond Brown e Thomas Gann, amigos de Mitchell-Hedges que participaram das escavações em Lubaantum, nunca mencionaram a caveira. Anna também não está presente nas muitas fotografias da escavação em Lubaantun.

Mitchell-Hedges morreu em 1959 e Anna guardou a caveira a partir daí. Viajou com o objeto e deu entrevistas várias vezes e até deu datas diferentes para a descoberta, como 1924 e 1927.

Anna escreveu em uma carta em 1970 que "foi contado pelos poucos remanescentes maias que o crânio era usado pelo sumo sacerdote para desejar a morte". Por isso, também é chamado de Crânio da Condenação". Quando o sumo sacerdote ficasse velho demais para continuar com sua função, ele e seu substituto se deitariam em frente ao altar com a caveira. Após uma cerimônia, todos os conhecimentos do idoso seriam transferidos para o mais jovem e o idoso morreria.

Anna continuou a viajar e a ser entrevistada sobre o crânio de cristal até sua morte, em 2007.

Caveira de Mitchell-Hedges (Foto via Wissenschaft3000)

A caveira é feita de uma peça de quartzo claro, tem 5 kg e o tamanho de um crânio humano pequeno: 13 cm de altura, 18 cm de comprimento e 15 cm de largura. Ao contrário dos outros crânios, este possui a mandíbula desmembrada. Após exames, pesquisadores do Smithsonian disseram tratar-se de "quase uma réplica" do crânio do BM, "quase exatamente o mesmo formato, mas com mais modelagem detalhada dos olhos e dos dentes".

Em 1964, Anna conheceu o pesquisador e restaurador Frank Dorland em uma exposição em Nova York. Nos seis anos seguintes, a caveira ficou de Dorland, que disse que havia sido "esculpida" sem respeito aos eixos naturais do cristal – o que o teria quebrado – e sem o uso de ferramentas de metal. Ele alegou não ter encontrado qualquer marca ou arranhão – o que não seria possível com a tecnologia maia –, exceto para os traços de moagem mecânica sobre os dentes, e especulou que ela foi esculpida de forma rudimentar, provavelmente com diamantes, e depois de forma fina com afiação e polimento com o uso de areia ao longo de 150 a 300 anos.

Ele alegou que o crânio poderia ter até 12.000 anos de idade. Apesar de terem sido feitas várias alegações sobre as propriedades físicas do crânio, como uma temperatura supostamente constante de 21°C, Dorland declarou que não havia diferença de propriedades entre o cristal do crânio e outros cristais de quartzo naturais.

Enquanto estava com Dorland, a caveira despertou o interesse de Richard Garvin, escritor que na época trabalhava numa agência de publicidade onde supervisionava a Hewlett-Packard. Garvin consegui fazer com que a caveira fosse examinada pelo laboratório de cristal da HP em Santa Clara – um dos mais avançados do mundo – em 1971. O laboratório estabeleceu que não era um composto, como Dorland achava, mas que havia sido feito a partir de um único cristal de quartzo.

O laboratório também determinou que a mandíbula inferior havia sido formada a partir do mesmo cristal do resto do crânio. A caveira foi colocada em um tanque de álcool benzílico e quase ficou invisível. Isso provou que a era mesmo feita de quartzo, já que álcool e quartzo possuem o mesmo coeficiente de difração, ou seja, desviam raios de luz no mesmo ângulo.

Pela forma como reflete e refrata a luz, os pesquisadores descobriram que a caveira dispõe de um elaborado sistema interno de lentes e prismas – propriedades que o quartzo não apresenta naturalmente. Muitos escultores alegam ser capazes de duplicar a forma externa da caveira, mas nunca foi reproduzido o fenômeno óptico anômalo. Nem pelo laboratório.

Também descobriram que a organização granular do artefato era contrária à do quartzo. A HP não fez nenhum teste para determinar o método de fabricação ou a datação.

Assim como os traços de moagem mecânica sobre os dentes vistos por Dorland, o arqueólogo Norman Hammond disse que os orifícios, talvez para apoio, tinham sinais de serem feitos por perfuração com metal. Anna Mitchell-Hedges recusou os pedidos subsequentes para submeter o crânio a mais testes científicos.

Caveira de Cristal Brasileira, do tamnho de um crânio humano, doada a um museu por um brasileiro em 2004 (Foto via World Mysteries)

Em 1980, no programa de TV de Arthur C. Clarke, "Mysterious World", Allan Jobbins, especialista em pedras preciosas, disse que a caveira provavelmente foi trabalhada depois de 1700 e que o cristal era originário do Brasil – que todos nós sabemos que nunca foi habitado pelos maias.

Referências  F. A. Mitchell-Hedges só mencionou o crânio na primeira edição de sua autobiografia, "Danger My Ally" (1954), e de forma breve, sem especificar onde e por quem ele foi encontrado. Ele afirmou que "possui 3.600 anos e, segundo a lenda, foi usada pelo sumo sacerdote maia ao realizar ritos esotéricos". Também escreveu que "quando ele desejava a morte com a ajuda do crânio, a morte invariavelmente ocorria" e que "várias pessoas que cinicamente riram da caveira já morreram, outras foram atingidas e ficaram seriamente doentes […] Como eu consegui a posse dela? Tenho motivos para não revelar".

Todas as edições subsequentes omitiram inteiramente as menções ao crânio. No livro, não há menção alguma de sua filha Lubaantun e nem é dado a ela o crédito pela descoberta.

A primeira referência publicada sobre o Crânio de Mitchell-Hedges é a edição e julho de 1936 da revista britânica de antropologia "Man", na qual é descrito como estando na posse do Sr. Sydney Burney, um negociante de arte de Londres que alegava possuí-lo desde 1933. Não foi feita menção alguma sobre Mitchell-Hedges.

Anna explicou que seu pai realmente deixou a caveira aos cuidados de Burney, que a colocou em leilão para o pagamento de uma dívida, em 1943. Mitchell-Hedges acabou pagando a Burney no leilão da Sotheby’s para ter a caveira de volta. Mas existem provas documentais contra as afirmações de Anna e mostram que Mitchell-Hedges comprou a caveira diretamente de Burney na Sotheby’s em 1944.

Em "Secrets of the Supernatural”, Joe Nickell menciona uma carta escrita por Burney para o American Museum of Natural History, em Nova York, com data de 1933. Nela, ele escreveu que "a caveira de rocha de cristal esteve por vários anos em posse do colecionador do qual eu a comprei e ele, por sua vez, a conseguiu com um inglês em cuja coleção ela também esteve por vários anos, mas não pude descobrir nada além disso".

O crânio estava sob a custódia de Anna Mitchell-Hedges e ela se recusava a deixá-lo ser examinado por especialistas tornando suas alegações – relatada por R. Stansmore Nutting, em 1962 – ainda mais duvidosas. Em algum momento entre 1988 e 1990, ela excursionou com o crânio.

Ela casou-se com Bill Homann, em 2002 e faleceu em 11 de abril de 2007. Desde então, a caveira pertencente à Mitchell-Hedges Skull e tem estado sob custódia de Homann, que continua a acreditar em sua propriedades místicas.

Crânio do British Museum (Foto: Wikimedia)

Sobrenatural  Muitas pessoas acreditam quem as caveiras de cristal podem produzir fenômenos sobrenaturais. Tais alegações não têm força alguma no meio científico. Não há nenhuma evidência concreta que possa fazer tal associação, nem mesmo razões aparentes para estudos mais profundos a respeito.

Anna Mitchell-Hedges alegou que sua caveira podia causar visões, curar o câncer, que uma vez usou suas propriedades mágicas para matar um homem e que viu uma premonição do assassinato de John F. Kennedy.

Em 1983, em uma carta a Joe Nickell, disse que a caveira foi "usada várias vezes em curas" e esperava que "ela vá para uma instituição onde será usada por matemáticos, meteorologistas, cirurgiões, etc."

Anna afirmou ter recebido várias cartas de pessoas que diziam se sentir muito melhor após ver a caveira, mesmo na TV ou em revistas. Alguns casos até seriam terminais.

Dorland – que estudou a caveira nos anos 70 – disse ter ouvido sinos tilintando e o canto de um coral. Também alegou ter visto uma aura ao redor da caveira e conseguir ver imagens quando olhava fixamente para ela.

Van Dieten foi diagnosticada com um tumor cerebral do tamanho de uma laranja pouco tempo depois de adquirir a caveira ET. Para os médicos, na melhor das hipóteses, após duas cirurgias ela ficaria parcialmente paralisada. Ela ficou completamente curada, deixando o hospital dias após a segunda operação. Quando se recuperava na Suíça, uma enfermeira viu um grande tumor na caveira, no local exato onde estava na cabeça de Van Dieten.

Pessoas sensitivas que trabalharam com caveiras de cristal disseram que os artefatos emanam uma energia poderosa. Elas alegam ter tido visualizações psíquicas de histórias completas de civilizações das quais as caveiras estiveram em posse.

Até dizem que as caveiras funcionariam como computadores gravando a história do planeta ou mesmo mensagens alienígenas ou de civilizações perdidas. Segundo alguns, podem ser usadas como bolas de cristal para ver o passado, o presente e o futuro. Ou emitem uma energia psíquica, auras ou sons.

Caveira de cristal (Foto: arquivo UFO)

Shapiro defende que os artefatos tem uma forte conexão com seres extraterrestres. Os crânios maias teriam sido trazidos por seres vindos das Plêiades. Há outra linha que os conecta com seres intraterrenos e a teoria da Terra Oca: raças avançadas vieram para a Terra há muito tempo e se estabeleceram no interior dela.

Para ele, os crânios estão aqui na Terra "funcionando como aparelhos transmissores que enviariam informações a respeito de nosso mundo para alguma unidade receptora". "Sim, vejo alguns crânios com uma espécie de computador. A finalidade dessa monitoração seria permitir, um dia, que os responsáveis por essas peças possam vir à Terra", disse em uma entrevista.

Ele argumenta que o nível de sofisticação das esculturas não poderia ser atingido com os recursos dos povos que as possuíam e que sensitivos que tiveram contato com elas indicaram que eles tem milhares de anos.

Ele acrescenta que "a maioria das peças bem antigas [mais de dois mil anos] foram descobertas ao redor de ruínas antigas no México ou na América Central, embora se acredite haver muitas outras no mundo inteiro, atualmente guardadas por culturas indígenas".

Em outras teorias, os maias criaram 13 caveiras de cristal e as espalharam. A reunião das treze evitaria uma catástrofe apocalíptica na conclusão do último b’ak’tun, o ciclo do calendário maia que terminou em 21 de dezembro de 2012

Na produção do Sci-Fi Channel, "The Mystery of de Crystal Skulls", de 2008, Richard C. Hoagland vinculou os crânios e os maias com a vida em Marte e David H. Childress os vinculou à civilização perdida de Atlântida e anti-gravidade.

“The Mystery of the Crystal Skulls”, produção do Sci-Fi Channel

Em seu livro "Serpent of Light", Drunvalo Melchizedek alega visto descendentes indígenas dos maias na posse de caveiras de cristal em cerimônias nos templos de Yucatán e que elas continham almas dos antigos maias para aguardar o momento em que seu conhecimento antigo fosse necessário novamente.

Algumas pessoas apontam as propriedades piezelétricas do quartzo para explicar o poder das caveiras: o cristal é capaz de gerar tensões elétricas a partir de pressões mecânicas. A maioria dos aparelhos eletrônicos utiliza o quartzo. É graças à sua capacidade de amplificar corrente elétricas que os computadores são cada vez menores.

A rocha também tem propriedades terapêuticas, ampliando e ativando o campo eletromagnético do corpo humano. Terapeutas holísticos utilizam o quartzo para abrir dons psicoespirituais.

Por seus pulsos elétricos, o cérebro possui seu próprio campo eletromagnético. Seria possível a proximidade de uma peça de quartzo interferir neste campo?

Alguns estudiosos acreditam que a forma como os crânios de quartzo foram fabricados permite o armazenamento de informações. Para acessar tais informações, "alguém com o coração aberto deve alcançar a vibração interna apropriada". O conceito apareceu nos anos 1980 no livro "The Skull Speaks", com base em uma informação canalizada por uma médium britânica.

Ela nunca viu a Caveira de Mitchell-Hedges, mas em uma sessão de transe, assegurou que o objeto e outros artigos sagrados eram um espetáculo de conhecimento que foi programado no passado do planeta por uma civilização mais avançada da época de Atlântida.  Ela disse que as informações só poderiam ser acessadas por pessoas bem intencionadas e que a caveira examina o indivíduo e depois, se for o caso, compartilha algo telepaticamente. Seria algo como o terceiro olho.

A mente humana, sempre procurando ver alguma forma de ordem no que é aleatório… Quando é mostrada uma imagem de um dos artefatos para um auditório, alguns indivíduos reconhecem figuras dentro deles. Numa fotografia da Caveira de Mitchell-Hedges, por exemplo, já foi visto o perfil de um OVNI.

Cena do filme "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" (Foto: divulgação)

Pesquisas conseguiram estabelecer a origem de algumas caveiras de cristal, mas podemos afirmar que as outras tem a mesma procedência? Por que os donos de caveiras que alegam que elas possuem poderes sobrenaturais não as disponibilizam para pesquisa? Seria mesmo possível alguns artefatos terem conexões com civilizações antigas ou mesmo alienígenas? Continuamos procurando por respostas… Watch the skies!

 

"Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo."

– Guimarães Rosa, escritor brasileiro (1908 – 1957)

 

Eduardo Oliveira
editor