Deputado comparou ameaça à Crise dos Mísseis. Detonação nuclear russa no espaço seria “dia zero” de conflito que causaria “fim da Era Espacial”.

O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes dos EUA, Mike Turner, republicano de Ohio, criticou o governo Biden por ser pouco transparente sobre o suposto desenvolvimento de uma arma nuclear espacial russa.

No último dia 20, Turner discursou no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) e acusou a Casa Branca de ocultar informações sobre o programa russo de armas antissatélite (ASAT), que ele classificou como o equivalente moderno da Crise dos Mísseis em Cuba.

“Se você não usa a inteligência para impactar o resultado, então a inteligência não tem valor”, disse Turner. “Precisamos que a administração desclassifique o status deste programa.”

Desde fevereiro, tenho postado no Instagram e aqui no blog sobre alertas públicos feitos por políticos e membros da inteligência a respeito dessa arma. Naquele mês, Turner foi o primeiro a falar sobre a ameaça representada pelos intuito da Rússia de colocar em órbita um dispositivo nuclear capaz de gerar um impulso eletromagnético para desativar satélites. No dia seguinte à sua primeira declaração a respeito, a Casa Branca confirmou ter recebido inteligência sobre uma ASAT de Moscou, mas disse que ainda não era algo operacional.

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“A administração estava disposta a avançar e dizer que a Rússia está desenvolvendo uma arma nuclear antissatélite. A administração confirmou isso. Isso não é especulativo”, disse Turner.

Mike Turner, presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, em palestra no CSIS em 20/06/2024 (CSIS)

Durante sua palestra no CSIS, ele disse que a divulgação de mais informações não colocaria em risco fontes e métodos, argumentando que poderia ajudar a dissuadir a Rússia e informar como os EUA trabalham com os aliados nesta questão. “Saber mais sobre o status do programa pode informar nossa lista de tarefas e como trabalhamos com os aliados.”

“Provavelmente existem opiniões divergentes sobre o que precisa ser feito. Mas esse é o diálogo que precisamos ter, sobre o que deve ser feito. E a administração não está tendo esse debate consigo mesma ou com o público americano ou a nível mundial com os nossos aliados.”

O congressista citou a detonação de uma arma nuclear russa no espaço como um possível “dia zero”, desencadeando um conflito armado que poderia trazer “o fim da Era Espacial”, iniciada com o Sputnik em 1957.

Turner acusou a administração Biden de “caminhar sonâmbula para um ‘dia zero’ irreversível” e alegou que algumas facções dentro do governo acreditam que os EUA podem tolerar as ambições nucleares espaciais da Rússia. Ele alegou que a Casa Branca está evitando o assunto para obscurecer a “lacuna entre o que deveriam estar fazendo e o que estão fazendo”.

Ele apelou aos EUA e à OTAN para declararem conjuntamente a sua determinação em fazer cumprir o Tratado do Espaço Sideral de 1967, que proíbe a colocação de armas de destruição em massa em órbita.