Renomado pesquisador criou escala nos anos 70. Conheça casos de cada categoria.

Olá, como vai? Com dois cursos técnicos, estágio e cursos complementares, não tenho tido tempo para atualizar continuamente o Blog. Quando posso, posto filmes e matérias curtas. Com maior frequência, costumo postar coisas interessantes pelo Twitter: @Edu_Oliveira.

Em maio, coloquei no Blog o filme "Contatos de Quarto Grau", no qual a atriz Milla Jovovich (famosa pela série de filmes "Resident Evil") interpreta a psicóloga Abigail Tyler e diz que o filme é baseado em eventos reais. No Alasca, Tyler usa regressões hipnóticas para tratar pacientes com amnésia e insônia após ver uma coruja. Estes pacientes não revelam o que descobrem nas regressões, mas a psicóloga descobre um envolvimento pessoal no caso.

Milla Jovovich em cena de "Contatos de Quarto Grau" (Foto: reprodução)

O filme de suspense conseguiu assustar algumas pessoas, mas este talvez não tenha sido o maior impacto da produção. O enredo do filme, apresentado como verdadeiro, é fictício. Há alguns elementos da realidade ufológica, mas o núcleo do enredo não é real.

As diferenças ufológicas entre a ficção e a realidade serão apresentadas em um outro post. O link ficará aqui. Por enquanto, vamos nos focar em uma semelhança: a Escala de Hynek.

Close encounter  Na ufologia, um contato próximo (close encounter, contato imediato) é uma ocasião na qual uma testemunha vê um objeto e, em alguns casos, seus tripulantes.

O Dr. Josef Allen Hynek foi um professor acadêmico, astrônomo e ufólogo estadunidense. Ele atuou como consultor de pesquisas ufológicas da United States Air Force (USAF, Força Aérea dos EUA) em três iniciativas: Project Sign (1947-49), Project Grudge (49-52) e Project Blue Book (52-69).

Ele começou como cético, mas teve sua opinião transformada pelos casos que estudou. Nas décadas seguintes, conduziu sua pesquisa de forma independente e é considerado o pai da análise científica de relatos e, principalmente, vestígios deixados por OVNIs.

J. Allen Hynek no set de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (Foto via Encilopædia Britannica)

Em 1972, Hynek publicou um livro apresentando uma escala de classificação de contatos com três graus. Posteriormente, mais dois foram acrescentados. Atualmente, com a adição de outros dois, a Escala Hynek possui sete graus.

O título do filme "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" ("Close Encounters of the Third Kind", Steven Spielberg, 1977) se baseia na escala original. Hynek, que ajudou Spielberg com o filme, até tem uma breve aparição.

Grau zero  Avistamentos a mais de 150 metros (500 pés) não estão nesta escala e são tidos como luzes noturnas, discos diurnos, avistamentos que concordam com sinais de radar, etc. Considera-se esta distância para eliminar as possibilidades de erro de identificação de aeronaves convencionais (aviões, helicópteros, etc.) e fenômenos naturais (nuvens, meteoros, reflexos, etc.).

Geralmente, os OVNIs vistos durante o dia são de aparência metálica e forma de disco, ovo e charuto. Podem estar altos no céu ou próximos ao chão, são usualmente vistos pairando e desaparecem com rapidez impressionante. Estes são chamados de "discos diurnos".

Nos céus noturnos, há relatos de luzes bem definidas sem aparência e/ou movimento explicáveis por fontes luminosas convencionais (aeronaves, fenômenos naturais, etc.). Usualmente são vermelhas, azuis, laranjas ou brancas. Representam a maior parte dos relatos de OVNIs e são conhecidas como "luzes noturnas".

Casos menos frequentes mas de significado especial são os pontos em telas de radar que coincidem com contato visual por parte do operador do radar ou outra testemunha.

Mas chega de blá blá blá! Vamos ao que interessa!

Ver (e sentir) para crer  O primeiro grau na Escala de Hynek é o contato visual com o objeto. Incluem-se os casos de avistamentos de veículos aéreos tidos como não feitos pelo homem e luzes estranhas.

No segundo grau, também existe outra forma de percepção ou algum efeito físico sobre outros objetos. Nestes casos, é detectado calor ou radiação, por exemplo. Incluem-se danos ao terreno (marcas de pouso, desenhos em plantações), mau funcionamento de máquinas, animais assustados e catalepsia e amnésia em pessoas.

Como exemplo de vestígios físicos, também podemos citar vegetação comprimida e desidratada, galhos quebrados e impressões no solo. Em alguns casos, a análise laboratorial de amostras da área onde o OVNI foi visto próximo ao chão poderá determinar se houve aquecimento ou outra mudança química além da amostra de controle.

Marca anelar deixada por OVNI em Delphos, Kansas, em novembro de 1971; vegetação não cresceu mais na marca e absorção de umidade também foi afetada (Foto via Fenomenum.com.br)

A verificação médica de queimaduras, inflamações oculares, cegueira temporária e outros efeitos fisiológicos atribuídos a encontros com OVNIs – até a cura de complicações prévias – também são consideradas evidências quando nenhuma outra causa pode ser levantada por examinadores médicos.

Um registro da tela do radar com o sinal do objeto desconhecido é um argumento poderosíssimo em casos de avistamento, podendo ser avaliado com calma, ao invés do calor do momento da visão.

Fotografias não são exatamente o melhor registro possível do acontecido. Graças aos recursos atuais à acessibilidade de muitas pessoas a tais recursos, farsas podem ser criadas muito facilmente. Mas mesmo as fotos que são aprovadas nos testes instrumentais e análises por computador não mostram nada além de um objeto não identificado geralmente muito longe da câmera e fora de foco.

Para a análise apropriada da foto, o negativo (no caso de câmeras com filme) deve estar disponível, assim como o fotógrafo e outras testemunhas. As circunstâncias nas quais a foto foi tirada também é importante. Raras são as imagens que passam por tal análise e parecem mostrar um objeto estruturado.

Como exemplo de caso com outra percepção além da visual, podemos incluir o avistamento de 13 de outubro de 1917 em Fátima, Portugal. Um objeto discoide prata brilhando sem ferir os olhos surgiu no céu por volta do meio-dia. Ele girava sobre si mesmo muito rapidamente, transformando-se repentinamente numa roda de fogo e lançando clarões semelhantes a aro-íris em todas as direções. Depois, o objeto desceu, parou, subiu novamente e, aos poucos, tornou-se mais brilhante parecendo o Sol, ferindo olhos e emitindo calor – secando a roupa das testemunhas, molhadas por uma intensa chuva antes do ocorrido.

Homenzinhos verdes  A visão de ocupantes das naves entra no terceiro grau. Agora a coisa fica séria! Ao escrever, Hynek usou o termo "seres animados" sem fazer julgamento à forma de como eles viriam. Ele não especificou como "extraterrestres" e demonstrou-se desconfortável com tais relatos.

O ufólogo Ted Bloecher apresentou uma escala de seis subtipos de contatos de terceiro grau:

  • A: um ser é observado apenas dentro do objeto;
  • B: um ser é observado dentro e fora do objeto;
  • C: uma entidade é observada próxima ao objeto, mas nem entrando nem saindo dele;
  • D: uma entidade é observada mas nenhum OVNI é avistado, embora atividades de OVNIs sejam relatadas na mesma área e momento;
  • E: uma entidade é observada e nenhum OVNI é avistado, e nenhuma atividade de OVNI é relatada naquela área naquele momento;
  • F: nenhuma entidade ou OVNI é observada, mas a testemunha experimenta alguma forma de comunicação inteligente.

Em abril de 1964, ocorreu o famoso caso Zamora, em Socorro, New Mexico, EUA. O Sargento Lonnie Zamora, policial, viu duas "pessoas" ao lado de um objeto oval que pousou próximo à estrada onde ele realizava uma patrulha. Na decolagem do objeto, Zamora ouviu sons altíssimos, chegando a achar que ocorreria uma explosão. Foram descobertas marcas de pouso e restos metálicos no local.Marca de pouso encontrada no caso Zamora (Foto cia Fenomenum.com.br)

Em um contato de quarto grau, uma pessoa é abduzida por uma nave ou seus ocupantes.

Para Jacques Vallée, renomado francês que trabalhou com Hynek, um contato deste tipo deveria ser descrito como um caso no qual "o observador passa por uma experiência de transformação de seu senso de realidade", de modo a incluir casos de alucinações ou sonhos relacionados a um fenômeno ufológico.

Na noite de 19 de setembro de 1961, ocorreu uma das primeiras abduções de repercussão mundial – o primeiro caso a usar hipnose regressiva para recuperar as memórias da abdução. Por volta das 2h30, o casal Barney e Betty Hill estavam voltando de férias no Canadá numa estrada de New Hampshire quando perceberam que um disco luminoso – que foi detectado por radares – seguia o carro. O objeto começou a descer e o casal partiu em alta velocidade ouvindo um zumbido vindo do disco. Cinquenta quilômetros adiante, ouviram o zumbido novamente, mas não avistaram nada estranho. Quando chegaram em casa, perceberam que estavam duas horas atrasados – tiveram um "lapso de tempo" (missing time, muito comum em abduções).

Barney e Betty Hill, protagonistas de um dos mais famosos casos de abdução da história (Foto via Fenomenum.com.br)

Dentro da nave  Nas noites seguintes tiveram pesadelos e procuraram ajuda médica. O Dr. Benjamin Simon usou hipnose regressiva para resgatar o tempo perdido da memória do casal. Eles foram levados para o interior da nave por "pessoas" de olhos grandes que se comunicavam por telepatia, mas o "líder" falava inglês. Durante um exame clínico, uma agulha foi introduzida em Betty causando-lhe dor. O "líder" colocou a mão em sua cabeça e a dor passou.

Eles fizeram perguntas sobre noções humanas, como a velhice e o tempo. Betty perguntou de onde eles eram e lhe foi mostrado um mapa estelar. O ser perguntou se ela poderia indicar onde estava o Sistema Solar no mapa e ela respondeu que não. Um livro foi dado à mulher, mas foi tomado nos últimos instantes da abdução. Por fim, os dois foram devolvidos à estrada.

Outra abdução famosa é a de Travis Walton. Em novembro de 1975, seus amigos o viram ser levado por uma nave discoide numa floresta no Arizona. Após cinco dias desaparecido com policiais à sua procurara até com helicópteros, ele ligou para o cunhado de um telefone público em um posto de gasolina na estrada.

Ele disse ter acordado numa mesa durante um tipo de exame médico. Aterrorizado, ele teria entrado em conflito corporal com os seres que o estudavam. Eles eram baixos e tinham cabeça e olhos grandes. Ele também teria ido a uma sala com uma cadeira cheia de controles de onde poderia ver as estrelas. Por fim, ele teria encontrado um "homem" que o levou para outro ambiente, onde outras "pessoas" o fizeram dormir com uma mascara de gás.

Filme "Fogo no Céu"; produção não foi fiel à realidade

Walton publicou um livro contando sua experiência. O livro inspirou o filme "Fogo no Céu" ("Fire in the Sky", 1993, Paramount), dirigido por Robert Lieberman. Infelizmente, o filme não foi fiel à narrativa de Walton, apelando ao terror para atrair público.

Em dezembro de 2009, o post "OVNIs na Terra de Shakespeare" incluiu o caso de abdução do policial britânico Alan Godfrey – que foi levado para dentre de uma nave que viu pairando numa rua e acordou num quarto com um "homem" alto vestido como cirurgião que lhe passou confiança e se comunicava sem abrir a boca. Tal comunicação coloca o caso também no quinto grau da escala de Hynek.

Contato mais próximo  O quinto grau foi proposto pelo grupo CSETI de Steven M. Greer e trata casos de comunicação bilateral, voluntária, proativa e espontânea entre o observador e a inteligência extraterrestre. Como exemplo, podemos mencionar os casos dos anos 1950 nos quais pessoas afirmavam manter comunicação regular com extraterrestres benevolentes.

Geralmente, este contato é telepático e o contatado alega não possuir nenhuma habilidade psíquica especial prévia. Nem todos eles identificam a inteligência estranha como extraterrestre – apenas como de um mundo diferente.

Em janeiro de 2010, publiquei um post sobre como ufólogos dividem esta comunicação mencionando casos: "Palavra (ufológica) do editor".

Um caso interessante de comunicação entre testemunhas e ETs é o caso Salyut 6 – ocorrido na órbita da Terra. Dois cosmonautas soviéticos tripulando uma estação espacial avistaram um objeto com janelas. Quando o objeto se aproximou, puderam ver seus tripulante. Houve comunicação por sinais luminosos e gestos. Leia mais no post "Caso Salyut 6".

Em seu site, o ufólogo Michael Naisbitt propõe o sexto grau: fenômenos ufológicos provocam ferimentos ou mortes de testemunhas. Esta categoria é tida como redundante, já que no segundo grau existe a evidência física direta.

Como exemplo podemos mencionar o ocorrido em 21 de outubro de 1917 na província de Las Hurdes, Espanha. Nicolás Sanchez estava a cavalo quando uma luz se colocou em seu caminho, derrubando o do animal. Nove dias depois, de forma inexplicada na época, ele faleceu. Hoje, considera-se a hipótese de radiação.

O Black Vault Encyclopedia Project sugere o sétimo grau da Escala de Hynek – o acasalamento ente humanos e extraterrestres, produzindo um híbrido.

Este conceito não estaria de acordo com os conceitos originais de Hynek, que evitam descrever os ocupantes das naves como aliens ou ETs, levando em conta o fato de não haver evidências suficientes para a determinação da origem e das intenções destes seres.

O conceito se assimila à Teoria dos Astronautas Antigos, proposta por Erich Von Däniken, Zecharia Sitchin e outros. Para saber mais sobre a teoria, assista a "Alienígenas do Passado" ("Ancient Aliens"), do History Channel.

E é  com este post sobre a escala de Hynek que comemoro o dia dos namorados – mais uma data com o significado comercial mais forte que o humano. Que romântico!

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Quando será publicado o próximo texto? Boa pergunta! Mas assunto é o que não falta! Até lá, watch the skies!

"A vida não questionada não merece ser vivida."

– Platão (428/427 – 348/347 a.C.), filósofo e matemático grego

 

Eduardo Oliveira

editor